segunda-feira, 23 de julho de 2012

E se existisse uma equipe com dez camisas 10?

Sábado, início da tarde. Após uma manhã prazerosa de futebol de botão, partimos para a tradicional "resenha", Jan, Digão, Carusão e eu. Obviamente, além do futmesa, o assunto foi o futebol, dos campos.

Papo vai, papo vem, chegamos ao ponto unânime de que falta qualidade no futebol brasileiro. Infelizmente, em nossas divisões de base, a prioridade hoje é pela altura e força física, em detrimento da técnica e do talento. Mais uma vez, mencionamos o Barcelona, equipe que possui jogadores técnicos em todas as posições. Os zagueiros sabem sair jogando, como jogadores de meio de campo. Isso porque Pepe Guardiola, dentre as diversas inovações que trouxe, escalou Mascherano, um volante, como zagueiro, o que fez com que a saída de bola e a transição defesa-ataque ficassem ainda melhores. Consequência: mais qualidade e posse de bola do time catalão. No meio, vários jogadores talentosos jogando juntos: Messi, Xavi, Iniesta. No ataque, Fábregas, típico camisa 10.

Elogiamos, ainda, as seleções espanhola e alemã. Equipes que, hoje, priorizam a qualidade, ocupando seus quadros com jogadores que sabem jogar futebol, e não apenas destruir. A Espanha de Iniesta, Xavi, Fábregas, Xabi Alonso, entre outros, é o maior exemplo disso. Contudo, não nos esqueçamos da Alemanha, equipe que, até 2002, encontrava-se em acentuado declínio, mas que apostou em jogadores jovens e habilidosos para trazer talento a um futebol seco e pragmático. Veja-se a bela sacada do técnico Joachim Löw, que recuou Schweinsteiger, antigo meia ofensivo, para a posição de volante. Assim, houve uma melhora clara na qualidade do meio de campo alemão, com maior posse de bola e mais qualidade na saída de jogo, sem prejuízo da marcação e do combate.

Falamos, também, da seleção brasileira de 1970. Cada posição possuía um jogador talentoso. No ataque, com poucas exceções, não havia a necessidade de ocupação de lugares fixos. Mas, acima de tudo, possuíamos, em nossa linha de frente cinco jogadores que em seus clubes vestiam a camisa 10. Isso mesmo: cinco! Rivelino, Gérson, Tostão, Pelé e Jairzinho.

Sim, podem até falar que Gérson e Jairzinho, por mais que vestissem a camisa 10 em seus clubes, não seriam um "10" característico. Afinal, Gérson jogava mais como um nº 8, recuado, articulando as jogadas com passes e lançamentos longos. Já Jairzinho era um atacante mais agudo, muitas vezes um ponta de lança, podendo vestir a 7, camisa que envergou no México. Mas, o fato, é que os cinco vestiam a camisa 10 em seus clubes. Cinco craques!

Então, o grande amigo Carusão, com percepção ímpar, dispara: "uma equipe imbatível, que jogaria bonito e seria eficiente, seria a que utilizasse dez camisas 10, ou seja, um camisa 10 para casa posição de linha!" Continuou: "claro que cada um teria que treinar em sua nova posição, mas jogadores inteligentes e habilidosos não teriam dificuldade"!

Isso me fez parar pra pensar: uma equipe com dez camisas 10! Que sonho! Claro, isso demandaria treino. Mas, a parte fácil do futebol é desarmar o adversário. E, quando você lida com jogadores inteligentes, típicos camisas 10, tudo fica mais fácil, desde o treinamento da parte tática, até o acerto para manutenção da posse de bola, efetividade no combate e saída de jogo em velocidade.

Pensando bem: isso seria, sim, plenamente viável e teria grandes chances de dar certo! Ainda mais hoje, em um futebol em que não há necessidade de ocupação de posições fixas. Vejam o Daniel Alves, pelo Barcelona: faz diversas funções. Podemos dizer que ele é qualquer coisa, menos um lateral direito típico. Logo, quantos camisas 10 o Barça teria hoje? Pelo menos 4: Messi, Iniesta, Xavi e Fábregas. Contando com o Dani Alves, seriam cinco. E vejam o êxito do time catalão!

Então, trazendo para o Brasil, historicamente falando, imaginemos uma seleção cheia de camisas 10! De repente, os mais altos e fortes poderiam formar a dupla de zaga. Por exemplo, Raí e Kaká. Um mais lento, outro mais veloz, ambos altos e com bom porte físico. Pelas laterais poderíamos ter Ronaldinho Gaúcho, pela direita e Rivaldo, canhoto, pela esquerda. Como volantes, Gérson e Zizinho (ou Ademir da Guia). No ataque, mais quatro camisas 10: Zico, Rivelino, Tostão e Pelé! Que timaço! E ainda ficariam de fora Dirceu Lopes, Sócrates (outro nº 8 com jeitão de 10) e outros mais.

Sim, algumas injustiças seriam cometidas: perderíamos o talento de Garrincha? Não, para gênios como Garrincha, sempre haverá lugar, por mais que ele não seja um típico camisa 10. Êpa, mas lembremos que, na Copa de 1962, Garrincha, com sua genialidade, foi tudo, inclusive atuando também como um camisa 10!

Atacantes como Romário, Roberto Dinamite, Ronaldo, também não podem ser esquecidos. Defensores como Domingos da Guia, Aldair, Carlos Alberto Torres, fizeram história. O objetivo, aqui, não é fazer pouco de jogadores tão importantes. Mas sim, mostrar que, no futebol de hoje, uma equipe com o maior número possível de camisas 10 levaria grande vantagem sobre as outras.

E aqui chegamos à triste conclusão: quantos camisas 10, hoje, poderiam compor uma seleção brasileira? Oscar, Ganso, Lucas e, forçando a barra e sem unanimidade nenhuma, Ronaldinho Gaúcho. Claro, ainda teríamos o talento de Neymar, Daniel Alves e Tiago Silva. Mas, para uma seleção brasileira, é pouco. Muito pouco. Hoje, no Brasil, seria impossível formar, pelo menos, um ataque inteiro de camisas 10. Ruim para o nosso futebol. Uma pena para o espetáculo.

Qual sua opinião? Daria certo formar uma equipe inteira, dos zagueiros aos atacantes, apenas de camisas 10? Isso seria a saída para a seleção brasileira? Deixe seu comentário!

PS. Cá entre nós: a seleção brasileira de 1970 era moderna pra caramba!!!

Sobre os maiores camisas 10 do futebol brasileiro, há um ótimo livro de autoria do Marcelo Barreto.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Por que comigo?

O drama de Steve Bartman




Inauguramos hoje a seção "Por que comigo?" trazendo a história, real, do cidadão acima. O nome dele é Steve Bartman. Veremos como o esporte pode, sem imaginarmos, interferir na vida das pessoas.

Antes, porém, esclareço que, como avisado anteriormente, este blog tratará, quase sempre, de futebol, mas sem excluírmos outros esportes. O fato tratado vem do Baseball, esporte que gosto muito e sempre assisto. Vale a pena ler!

14 de outubro de 2003. No Wrigley Field, Chicago, uma das equipes locais, os Cubs, enfrentavam o Florida Marlins pela série melhor de 7 das semifinais da Liga Norte-Americana de Baseball. Os Cubs lideravam a série por 3 a 2 e, fazendo a sexta partida em casa, era esperado que vencessem, para, posteriormente, disputar a World Series, nova série melhor de 7 jogos que definiria o campeão daquele ano.

Um parênteses sobre os Cubs: junto dos Yankees e dos Red Sox, os Cubs são os mais adorados pelos fãs de Baseball. Isso porque, mal comparando, os Cubs possuem uma característica de superstição e de time sem sorte que lembra, forçando um pouco, o Botafogo, com suas crendices e aquele lema: "há coisas que só acontecem ao Botafogo". Pois é, há coisas que só acontecem aos Cubs.

A equipe conquistou seu último título nacional em 1908. Não, você não leu errado! 1908. Desde então, por diversas vezes, eles quase chegaram lá. Seus torcedores creditam a falta de sorte do time à "maldição do bode".

Reza a lenda que, em um jogo das finais de 1945, um dono de taverna chamado William Sianis levou consigo ao Wrigley Field seu bode de estimação. Entretanto, devido ao mau cheiro do animal, os outros espectadores ordenaram que William se retirasse do estádio com seu "acompanhante". Ele teria se irritado e então afirmou, em alto em bom som: "se é para irmos embora, então que os Cubs nunca mais sejam campeões! Afinal, vocês insultaram meu bode!" A "praga" jamais foi quebrada. Naquelas finais de 1945, antes da "visita" do bode ao estádio, os Cubs lideravam a série por 2 a 1. Após a expulsão do animal, perderiam as finais por 4 jogos a 3.

Voltemos às semifinais de 2003. Liderando a série por 3 a 2, os Cubs, jogando em casa, venciam a partida por 3 a 0, no sétimo inning. Cada partida de Baseball é composta de nove innings. Logo, o final do jogo se aproximava. Mais alguns bons arremessos e os Cubs estariam na World Series. Eis que...

Após um arremesso do lançador dos Cubs, a bola é rebatida pelo adversário para o alto, em direção à platéia, correndo para segurá-la Moisés Alou, jogador do Chicago. Parece que ele vai alcançar a bola, junto ao muro que separa o campo de jogo do público. Entretanto, diversos torcedores também tentam segurar a bola, um belo souvenir de um jogo histórico. Um deles é Steve Bartman, um fã dos Cubs, de 26 anos. Ele toca na bola acima da luva de Alou, alterando sua trajetória e atrapalhando a possível defesa, retirando, assim, a possibilidade de eliminação de mais um rebatedor dos Marlins (note-se que, no Baseball, se um defensor pega a bola sem que ela toque o chão, o rebatedor estará eliminado e o lançador mais perto da vitória).






A partir dali, o clima no estádio muda. A torcida começa a xingar Bartman, o chamando de "imbecil". Ele escuta todas as ofensas, atônito e assustado, com seus fones de ouvido. Ironicamente, traja um casaco da equipe infantil que treina, os "Renegades" (renegados).

O jogo também muda. Os Marlins marcam pontos e conseguem vencer a partida por 8 a 3, empatando a série em 3 a 3. No último jogo da série, nova vitória da equipe da Flórida, eliminando os Cubs.

Terminada a sexta partida, Bartman continua sendo insultado pela torcida local, que atira cerveja e pedaços de pizza no rapaz. As câmeras da partida somente têm olhos para ele. Bartman teve que ser escoltado pela equipe de segurança do estádio para conseguir sair do local. Confira a conturbada saída em http://www.youtube.com/watch?v=JoumAUfwnI8

Mais uma vez, foi lembrada pelos torcedores a "maldição do bode", que teria se materializado na figura de Steve Bartman. As consequências do episódio foram terríveis para o fanático torcedor do Chicago. Ele foi execrado publicamente, manchete de todos os jornais da cidade e perseguido por meses pela imprensa. Não quis dar entrevistas, limitando-se a redigir uma carta em que afirmou estar "sinceramente arrependido" pelo ocorrido. Acabou exilado em sua própria cidade, sem sair de casa, triste e assustado. Não treina mais as crianças do "Renegades". Alguns dizem que entrou em depressão. A cadeira em que Steve se sentou é, até hoje, objeto de inúmeras fotografias de fãs e turistas.

O ocorrido foi tema de um excelente filme produzido pela ESPN, da série "30 for 30", chamado "Catching Hell". Há uma versão legendada, mas segue o link do filme sem legendas: http://www.youtube.com/watch?v=o6NsWdRfgAk . No filme é possível ver a jogada inteira, além dos principais lances da partida e análises interessantes. Vale a pena assistir!

Muito se discutiu sobre a responsabilidade de Bartman naquela derrota dos Cubs. Anos depois, com os ânimos mais calmos, diversos especialistas inocentaram Steve, reconhecendo que qualquer torcedor em sua posição tentaria alcançar a bola. Ademais, conseguiria Moisés Alou alcançar a bola? Impossível saber.

Destaque-se, ainda, que os pontos do time da Flórida somente foram conquistados após arremessos ruins do lançador de Chicago, somados a falhas defensivas da equipe local, que poderia ter saído com uma vitória tranquila, mesmo após o incidente com Bartman. Mas, como o goleiro Barbosa na Copa de 1950, para muitos torcedores dos Cubs, ele será sempre o grande culpado.

Curiosidades:

- O governador da Flórida à época, Jeb Bush, ofereceu asilo a Bartman, após o ocorrido;
- Por seu turno, o governador do Illinois, Rod Blagojevich, sugeriu, para a segurança de Steve, que ele passasse a fazer de parte de uma espécie de "programa de proteção a testemunhas";
- Em entrevista concedida à ESPN, em 2011, o Presidente dos Cubs, Theo Epstein, declarou que "já passou a hora de esquecer o ocorrido, abrir as mentes e corações e reintegrar Steve Bartman ao convívio com a torcida no Wrigley Field, pois Bartman é um fã dos Cubs, como qualquer um outro";
- Veja um vídeo, que traz o lance, defendendo Steve Bartman: http://www.youtube.com/watch?v=q1yFTofRJr4&list=LPirwmcTDaGio&index=3&feature=plcp


Fontes: ESPN films e Wikipedia



quarta-feira, 11 de julho de 2012

SEÇÃO "SEIS OU MEIA DÚZIA" nº 2: Romário X Ronaldo

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Após uma agradabilíssima visita à aprazível cidade de Goiânia, o que fez com que as postagens acabassem sendo adiadas em alguns dias, retornamos à ativa, para lançar uma nova enquete que promete agitar o blog.

Antes, porém, informamos o resultado da edição nº 1 do "SEIS OU MEIA DÚZIA": com 70% dos votos, Bebeto superou Müller na preferência dos leitores. Müller ficou com 25% dos votos, enquanto 5% dos internautas votaram no empate.

Vamos, então, à enquete desta terça, dedicada aos amigos Rafael Teixeira, Marcus Amorim e Bruno Jardel.

De um lado, Romário de Souza Faria. Carioca, Romário nasceu em 29 de janeiro de 1966. Iniciou a carreira no Olaria, passando rapidamente a integrar as divisões de base do Vasco da Gama. Em 1985 passa a integrar o plantel principal do Cruzmaltino, sendo vice-artilheiro do Campenato Estadual daquele ano, fazendo dupla de ataque com o consagrado Roberto Dinamite. Segue, nos anos seguintes, se destacando pelo Vasco da Gama, que fatura o bicampeonato Estadual em 1987 e 1988.

Em 1988, Romário transfere-se para o  PSV Eindhoven, iniciando sua carreira internacional. Na Holanda, Romário novamente destaca-se, sendo artilheiro do Campeonato Nacional nas 3 vezes em que o disputa.

Em 1992, o Baixinho transfere-se para o Barcelona, que, à época, possuía em seus quadros grandes jogadores, como Stoichkov, Laudrup, Koeman, entre outros. Mais uma vez é artilheiro, dessa vez do Campeonato Espanhol, e o Barça fatura o título. Em 1994 seria eleito o melhor jogador do mundo pela FIFA.

Em 1995, após brilhante participação na Copa do Mundo do ano anterior, Romário transfere-se para o Flamengo, ansioso por voltar ao Rio, sua cidade natal. No clube, Romário destaca-se, com gols e polêmicas.

O Baixinho ainda retornará ao Vasco da Gama, conquistando títulos e brilhando novamente. No clube, marcará seu milésimo gol, marca reconhecida pela FIFA, mas contestada por algumas publicações especializadas.

Pela seleção brasileira, o Baixinho marcou história, levando o Brasil ao título mundial após jejum de 24 anos, com atuações destacadas. Em 1998 foi cortado da lista de convocados para a Copa do Mundo às vesperas do mundial, criticando duramente o técnico Zagallo e o coordenador Zico. Poderia, naquele mundial, ter formado grande dupla de ataque com o outro jogador de quem falaremos agora: Ronaldo.

Ronaldo Luís Nazário de Lima, o Ronaldinho, também é carioca, nascido em 22 de setembro de 1976. Iniciou sua carreira no São Cristóvão, simpático clube da zona norte do Rio, transferindo-se com 16 anos para o Cruzeiro.

No clube mineiro, destacou-se rapidamente, fazendo sua estreia ainda com 16 anos, no Campeonato Brasileiro de 1993. Marcaria 12 gols em 14 jogos na competição, incluindo 5 gols em partida contra o Bahia, do lendário goleiro uruguaio Rodolfo Rodriguez.

No ano seguinte Ronaldo seguiria os passos de Romário, transferindo-se para o PSV Eindhoven. Na Holanda, marcou história, com 54 gols em 57 jogos pelo PSV.

Em 1996 Ronaldo segue para o Barcelona. No clube catalão ganha projeção internacional, com arrancadas incríveis e gols memoráveis. Conquista naquele ano o primeiro dos seus três troféus de melhor jogador do mundo, organizado pela FIFA.

No exterior, Ronaldo brilhou ainda envergando as camisas da Inter de Milão, Real Madrid (onde fez parte dos "galácticos") e Milan. Encerrou a carreira no Brasil, jogando pelo Corinthians.

Pela seleção brasileira, fez parte do plantel campeão da Copa do Mundo de 1994.

Em 1998, como principal jogador do time, fez um excelente mundial, até a fatídica final perdida para a França, em meio à confusa história de uma convulsão sofrida horas antes da partida.

Em 2002, após operação no joelho, teve a oportunidade de dar a volta por cima, e não a desperdiçou. Com ótimas atuações, foi o artilheiro do mundial, conquistado pelo Brasil.

Participou, ainda,da campanha de 2006, sendo eliminado pela França de Zidane. Naquela Copa tornou-se o jogador com mais gols na história dos mundiais, com 15 tentos.

E aí, pra você, leitor, que foi o melhor? Romário ou Ronaldo? Vote na enquete, localizada no lado direito da página!

quinta-feira, 5 de julho de 2012

1982, ferida aberta.

Não, hoje não falarei do título corinthiano na Taça Libertadores. Afinal, em 5 de julho de 1982, a Itália vencia o Brasil, por 3 a 2, na Copa da Espanha.

São exatos 30 anos da tragédia do Sarriá. Muita tinta já foi usada para falar do triunfo italiano; ou da derrota do futebol-arte brasileiro.

Hoje, 30 anos depois, com exceção do surgimento de alguns valores individuais, não há mais futebol-arte por aqui. Enquanto isso, ironia das ironias, espanhóis e até alemães (!!!) buscam implementar um futebol mais alegre, ofensivo e vistoso.

O que passo a escrever, certamente, é lugar comum, mas a grande verdade é que, após aquele "crime" contra o futebol-arte, foi possível perceber, ao longo dos anos, como nossa derrota foi maléfica para o futebol.

No Brasil, após as Copas de 82 e 86, grassou a ideia, oriunda de certos "treineiros" (não dá pra chamá-los de técnicos, tampouco treinadores), de que o futebol deve ser eficiente, prezando apenas os resultados, por isso mesmo com viés defensivo. Com essa filosofia, fomos campeões mundiais em 1994. Ah, alguém se lembra, saudosamente ou com emoção, da seleção de 94? Muitos nem sabem sua escalação de cor. Já a escalação de 1982, para mim, é inesquecível.

Sim. A ferida de 1982 está lá, aberta, para quem quiser ver. E isso é bom. Significa que, por mais que certos "treineiros" tentem, não nos esquecemos das nossas origens. Do nosso estilo. Do jeito brasileiro de jogar futebol. Como artistas da bola. Não nos esquecemos do Friedenreich, do Fausto, do Leônidas, do Ademir Menezes, do Nilton Santos, do Didi, do Tostão, do Gérson, do Riva, do Garrincha e do Pelé. E não nos esquecemos de Waldir Peres, Leandro, Oscar, Luizinho e Júnior; Cerezo, Falcão, Sócrates, Zico, S. Chulapa e Éder. E de Telê Santana, verdadeiro técnico. Todos estes jamais serão esquecidos. Nem deixarão de ser admirados.

E se há tanta admiração, por que não tentar reencontrar nosso estilo de jogar futebol? Por que não utilizar zagueiros e meias que saibam jogar, sem se limitar a marcar o adversário? Por que não incutir em nossas escolinhas e divisões de base um estilo ofensivo, alegre, dando preferência à escolha das crianças pelo talento apresentado, e não pelo porte fisico ou altura? Por que não utilizar nosso antigo jogo de passes curtos, com a chegada de vários jogadores para prestar apoio à jogada? Por que não dar liberdade para os laterais atacarem, juntos, se quiserem? Por que não ter pontas, com constante inversão de posições com meias e laterais?

Muitos falarão: o Barcelona fez (e faz) isso. Os zagueiros sabem jogar e saem pro jogo. Há constante troca de posições. Nas escolinhas do Barça, tem prioridade o mais talentoso, e não o mais forte. Exemplo é o Messi. Essa filosofia não tem dado resultado?

Não espero, nem desejo, que copiemos a filosofia dos catalães. Temos nossa identidade própria, mas temos que incentivá-la, redescobrí-la. Assim, retornará o futeol-arte.

Hoje, vendo os jogos do Campeonato Brasileiro, me sinto assistindo ao Campeonato Inglês: muita força física, jogadores altos e muitos cruzamentos na área. É o reflexo da mentalidade dos nossos "treineiros". A imaginação, ali, anda escassa...

Para concluir este "texto-desabafo" em homenagem ao escrete canarinho de 1982: nunca esquecerei daquele timaço! Dos gols do Zico, dos passes do Sócrates, da classe do Falcão, das investidas do Júnior, das patadas do Éder, das trombadas do Serginho... Mas, acima de tudo, nunca esquecerei do futebol-arte, do jeito brasileiro de jogar futebol, que as gerações mais novas nunca viram. Saudades!!

Cá entre nós: prefiro perder, como em 1982, do que ganhar, jogando como em 1994.

Voa, canarinho, voa!!




segunda-feira, 2 de julho de 2012

SEÇÃO "SEIS OU MEIA DÚZIA" nº 1

Aqui no blog Futebol Antigo, toda terça-feira será o dia de abertura das enquetes da seção "seis ou meia dúzia".

Nessa seção, conforme explicado na apresentação do blog, serão feitas enquetes para que todos participem respondendo quem foi o melhor entre dois jogadores selecionados. Por questão de método, somente serão comparados jogadores que não atuam mais.

E a "seis ou meia dúzia" dessa semana é uma homenagem a um grande amigo do futebol de mesa: o Tritu, fã inveterado do Müller. Então, nossa enquete dessa semana é: quem foi melhor? Bebeto ou Muller? Segue abaixo um pequeno histórico dos atletas sob análise.

José Roberto Gama de Oliveira, mais conhecido como Bebeto, nasceu em Salvador, Bahia, em 16 de fevereiro de 1964. Atacante leve e ágil, despontou em 1982, no Vitória.

No ano seguinte já iria para o Flamengo. Naquele mesmo ano Zico se transferiu para a Udinese, e o rubro-negro amargou um duro período sem títulos nacionais. Em 1987, com Zico novamente jogando pelo clube carioca, o jovem jogador baiano, autor do gol do titulo brasileiro, caiu de vez nas graças da torcida. Em 95 jogos pelo Flamengo, fez 41 gols, contando seu retorno ao clube, no final de sua carreira.

Em 1989 transferiu-se para o Vasco da Gama, em uma turbulenta negociação. No cruzmaltino, Bebeto foi Campeão Brasileiro em 1989. Em 1992, ano em que, apesar de brilhante campanha, o Vasco não foi campeão brasileiro, Bebeto, pela primeira vez, foi artilheiro do torneio. No total, de 61 jogos pelo Vasco da Gama, fez 30 gols.

Seu desempenho naquele ano despertou o interesse do La Coruña, equipe espanhola. Na Espanha, foi artilheiro da temporada 92/93, com 29 gols. É o maior artilheiro do clube. Em 131 partidas pelo time galego, fez 86 gols.

Pela seleção, teve grandes atuações, principalmente ao lado de Romário. Ficou famoso seu gol em homenagem ao filho, Matheus, em partida contra a Holanda, na Copa de 94. Esteve com a seleção nas Copas de 90, 94 e 98. Em 88 jogos vestindo a amarelinha, fez 52 gols, uma ótima marca.

Números: 3 vezes campeão brasileiro, 2 vezes campeão carioca, campeão do mundo em 1994, campeão da Copa América em 1989, etc. 7 vezes artilheiro de competições.

Por sua vez, Luiz Antônio Corrêa da Costa, o Müller, nasceu em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, em 31 de janeiro de 1966. Atacante decisivo, fez história principalmente no São Paulo FC, time no qual consagrou-se bicampeão mundial de clubes, em 1992 e 1993. Também teve ótimas participações na seleção brasileira.

Müller iniciou profissionalmente sua carreira no São Paulo, em 1984. Em 1985 integrou a jovem equipe tricolor chamada de "Menudos do Morumbi", do técnico Cilinho. Pelo São Paulo obteve suas maiores alegrias, sendo bicampeão da Taça Libertadores e do Mundial de Clubes. Fez 121 partidas pelo tricolor, com 49 gols.

Jogou ainda pelo Palmeiras, no "ataque dos 100 gols", equipe dirigida por Vanderlei Luxemburgo e que contava com Djalminha, Luizão, Rivaldo, Roberto Carlos, entre outras estrelas. No Verdão, em 69 jogos fez 28 gols.

Também jogou por equipes italianas, e no Brasil por Cruzeiro, Santos, entre outras, sempre se destacando por seus passes precisos e gols decisivos.

Pela seleção brasileira, jogou 3 copas do mundo: 1986, 1990 e 1994. Jogou 59 partidas pelo escrete canarinho e fez 12 gols.

Foi 5 vezes campeão paulista, 2 vezes campeão brasileiro, 2 vezes campeão da Taça Libertadores e do Mundial de Clubes. Foi campeão do mundo em 1994, entre outros. Foi, ainda, artilheiro do Campeonato Brasileiro de 1987.

Curiosidade: é irmão do vascaíno Cocada, carrasco do Flamengo no carioca de 1988.

E aí, pra você, quem foi o melhor? Vote na enquete, no lado direito da página!







domingo, 1 de julho de 2012

APRESENTAÇÃO

Bons domingos, amigos leitores!
Hoje iniciam-se as atividades do "Futebol Antigo", o mais novo blog sobre nosso amado esporte bretão.
Neste espaço, obviamente, quase sempre falaremos de futebol. Porém, excepcionalmente, teremos pinceladas sobre o futebol de mesa, pois este autor é um botonista inveterado! Poderão, ainda, surgir textos sobre outros assuntos, mas quase sempre relacionados com o futebol, sejam de cunho cultural, histórico, político, etc.
Quanto ao nome dado ao blog, tenho que admitir: sou um romântico, em termos futebolísticos. Vocês rapidamente perceberão isso, por meio das opiniões transmitidas neste espaço. Muitos fatos e personagens esquecidos de nosso futebol serão lembrados, sempre com um olhar romântico, mas equilibrado. Ou, ao menos, tentando ser equilibrado...
Teremos no blog algumas seções fixas, além dos artigos escritos por este autor.
Na seção "História Romântica do Futebol Brasileiro", falaremos dos principais personagens históricos do nosso futebol. Detalhes da vida de cada um serão relatados, somados às grandes atuações em campo, estatísticas e números.
Já na seção "E se...?", brincaremos um pouco com a história do futebol para, "alterando" certos resultados ou outros eventos, imaginarmos quais seriam as consequências das "mudanças" sugeridas.
A seção "Por que comigo?" cuidará de personagens que, folclóricos ou não, pelos infortúnios da vida, ficaram marcados, seja por uma grande derrota, seja por uma falha individual inesquecível. Aquele gol perdido na cara do gol, o pênalti cometido pelo zagueiro no jogo decisivo, serão aqui analisados, além das consequências na vida dos protagonistas.
Por fim, na seção "Seis ou meia dúzia?", serão formuladas várias enquetes, comparando dois jogadores, com um breve histórico de cada um. Quem foi o melhor? Entretanto, mais do que apenas marcar o favorito, se quiserem, os leitores poderão, além de sugerir outras enquetes, opinar sobre as qualidades dos atletas comparados.
Peço a participação de todos! Este blog será sempre um espaço democrático e as críticas e opiniões serão muito bem vindas!
Muito obrigado e sejam bem vindos,

Bruno.